sábado, 12 de maio de 2012
MINHA MÃE – A Melhor Tradução da Bíblia
Todos nós reconhecemos que o objetivo imediato de nossa leitura bíblica é chegarmos ao sentido original da mensagem de Deus em cada texto ou trecho de sua Palavra. Sabemos que nesse caminho há muitas dificuldades e barreiras a transpor. Quem ainda se lembra dos prolongados duelos entre Reis Pereira e Werner Kashell, meus saudosos professores, em O Jornal Batista, sobre os olhos de Lia, se tenros, delicados, tímidos ou mesmo desagradáveis? (Gên. 29.17). E aquela questão da morte dos santos, se preciosa ou pesarosa aos olhos do Senhor, em outro importante debate dos mesmos honrados mestres? (Sal. 116.15). Neste último exemplo, a importância devocional e teológica se torna ainda mais significativa. E assim passamos sempre por textos decisivos para a preparação de nossas mensagens, sempre buscando humilde e honestamente o melhor resultado possível para a edificação do povo de Deus.
Falamos em traduções boas e ruins, antigas e modernas, corretas e incorretas, aprovadas e reprovadas. Alguns de vocês trazem em suas estantes o livro A Bíblia Traída, do saudoso pastor Aníbal, de posição bem conservadora. Os exemplos pró e contra essa ou aquela tradução se multiplicam em todo o mundo cristão.
Creio que o nosso melhor caminho é considerar a tradução que preciso no presente momento. Os próprios editores procuram conhecer a natureza do maior público a ser alcançado, antes de suas publicações.
Se estou preparando ou executando o culto ao Senhor, creio que o melhor é fazer uso de uma versão corrigida de Almeida, considerando a intimidade da família evangélica com o tradicional texto, e isso já há 5 ou 6 gerações, partindo apenas da década de 1880, início histórico dos Batistas no Brasil. Pode ser que devemos observar o mesmo critério ao nos reunirmos em família, principalmente no exercício de decorar passagens notoriamente devocionais e evangelizadoras. E por que não presentear os filhos iniciantes em leitura com uma boa tradução moderna do maravilhoso livro?
Se estou a sós com o Senhor, posso adotar uma versão a cada ano ou ler o mesmo trecho em duas versões diferentes todos os dias, ou ainda diversificar minha leitura de algum outro modo entre o tradicional e o moderno.
Se estou preparando o próximo sermão, diversas versões serão muito bem vindas naquela preciosa leitura que antecede qualquer divisão formal da mensagem. Aqui, a pesquisa pode e deve se tornar bem ampla. A Almeida me aproxima do modo oriental de falar dos patriarcas, profetas, reis e escritores sagrados em geral. Faz lembrar os coloquialismos brasileiros. Levantar o calcanhar, lavar as mãos na inocência, deixar o sol se por sobre a ira... Nessa fase, o exame dos originais hebraicos, aramaicos e gregos será ainda mais útil e pitoresco. A Bíblia na Linguagem de Hoje me mostrará como aquele sentido original pode ser expresso na língua e linguagem que o povo conhece.
Se estou pregando, posso também fazer variações como de um bom clássico musical, começando pelo tradicional e transportando o pensamento dos ouvintes pelo uso de versões modernas, como no Salmo 41, “...levantou contra mim o seu calcanhar” para “...tornou-se meu inimigo, me traiu”. Salmo 26, “...lavo as minhas mãos na inocência para “...lavo minhas mãos para mostrar que sou inocente”. Ef. 4.26, “...não se ponha o sol sobre a vossa ira” para “...não fiquem o dia inteiro com raiva, ou, “...não deixem que o dia se acabe sem perdoar aquele que magoou vocês”.
Quem acompanhou o meu raciocínio, deve ter concluído que não há uma única tradução ou edição boa ou correta. Também sabemos que não há uma tradução perfeita, pois teríamos que procurar os papiros originais de Moisés e de toda a galeria dos autores sagrados antigos e os pergaminhos do Novo Testamento, entendendo todos com absoluta perfeição.
E como este artigo não pretende ser técnico, mas acima de tudo devocional, lembro-me daquela jovem órfã, a quem perguntaram, qual a melhor tradução da Bíblia para você? E ela respondeu, a melhor tradução da Bíblia que conheço é a minha saudosa e querida mãe!
Afinal, tudo quanto estamos proclamando, escrevendo, traduzindo, editando ou realizando, é para que muitas traduções vivas, como aquela mãe, sejam impressas pelo divino Espírito e lidas por multidões. Com certeza, esta é a melhor tradução da Bíblia – a nossa vida.
Entre muitos exemplos dessas notáveis “mães-bíblias”, Davi se lembra também da sua, “...porque eu te sirvo, Senhor, como te serviu minha mãe”.
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