terça-feira, 8 de maio de 2012

MARCADOS PARA MARCAR

altEu estava no ponto de ônibus e não consegui parar de olhar para aquela senhora, em seu rosto havia uma cicatriz enorme. Acho que ela percebeu o meu olhar e foi em minha direção com uma voz bem mansa e sua pele enrugada pela idade me falou: “As melhores marcas que carregamos estão dentro do nosso ser.” O que ela queria dizer com isso? Se antes eu estava com uma cara de assustada, agora deveria estar com uma cara de apavorada.

Ela se apresentou para mim e enquanto eu esperava o ônibus ficamos conversando. Na verdade aquela senhora, Dona Serafina, começou a fazer um monólogo, contando tantas histórias que já tinha vivido, tantos acontecimentos que tinha presenciado. Em pouquíssimo tempo eu havia escutado histórias de infância, histórias de reis, histórias de milagres, mas principalmente, histórias reais.

Foi aí que eu entendi o que Dona Serafina dissera sobre marcas que carregamos. Ela estava me mostrando que todos nós somos marcados, que não há na terra alguém que não tenha marcas e que as maiores marcas não são aquelas que aparecem em nossa pele, mas aquelas que carregamos em nosso ser.

Somos marcados e marcamos a vida daqueles que nos cercam. E cabe a cada um escolher o que deixaremos marcar a nossa vida e que marcas queremos deixar na vida das pessoas. É claro que existem situações que não podemos evitar, mas o que podemos escolher, o devemos fazer com sabedoria. Marcar a vida de alguém de forma negativa não trará benefícios para ninguém.

Dona Serafina me ensinou que todos os lugares que escolhemos andar marcam a nossa vida. Seja a escola, o trabalho, a igreja, o shopping ou qualquer outro lugar, nos lembramos dele pelo o que aconteceu ali, pelo o que vivemos. Assim também são as pessoas, somos ‘cicatrizados’ pelo convívio, pelos acontecimentos. E a sabedoria estará em o que e quem deixamos nos marcar e o que marcamos.

É claro que deixei passar alguns ônibus, mas valeu a pena deixar que a Dona Serafina marcasse a minha vida. Depois desse grande aprendizado desejei que o próprio Deus marque a minha vida e que as marcas que eu deixar nas pessoas sejam como a de Cristo, que veio à terra e marcou a humanidade.

“De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo” (2Coríntios 4.8-10).
Arina Paiva - Secretária de Comunicação da CBB

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